Entre os golpistas presos no domingo (8) e segunda-feira (9), em Brasília (DF), está o empresário Jamildo Bomfim de Jesus, de 60 anos, dono da Edithal Locação de Mão de Obras Eireli, que, desde 2014, recebeu R$ 24 milhões em contratos com o governo federal.
O nome de Jamildo Bomfim de Jesus está na relação de 277 presos que foi divulgada pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seap-DF), na manhã desta terça-feira (10).
O Brasil de Fato localizou 37 contratos assinados pela empresa com diversos órgãos do Executivo Federal. Os acordos com a empresa começaram a ser firmados em 2014 e, desde então, totalizam R$ 15,9 milhões. Cerca de R$ 8,3 milhões recebidos pela Edithal não estão associados a contratos disponibilizados na plataforma de transparência do governo federal.
Durante o governo Bolsonaro, foram pelo menos 11 contratos assinados, todos entre 2020 e 2021, somando aproximadamente R$ 2 milhões. Dois deles foram firmados com o Ministério da Saúde e os outros onze com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
Três contratos seguem em vigência, assinados pelo Departamento Penitenciário Nacional (MJSP) para penitenciárias nacionais em Mossoró (RN) e Campo Grande (MS). Os serviços oferecidos variam entre disponibilização de mão de obra de profissionais de limpeza, jardinagem, coparia e segurança.
Fundada em agosto de 2009 e com capital social de R$ 400 mil, a Edithal tem sede no Cruzeiro Velho, região administrativa de Brasília. Em seu perfil no Linkedin, Jamildo Bomfim de Jesus se apresenta como contador.
Prisões
A Seap-DF não divulgou os crimes em que os 277 presos foram enquadrados. Sabe-se que foram detidos após uma tentativa de golpe de Estado no último domingo, orquestrada e executada por grupos bolsonaristas em Brasília.
Os golpistas invadiram a Praça dos Três Poderes e depredaram o Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF). Além da estrutura física dos prédios, os bolsonaristas danificaram o mobiliário e obras de arte, além de terem furtado armas, computadores, celulares e outros equipamentos.
Em nota divulgada nesta terça-feira, a Polícia Federal que dos 1.500 golpistas detidos no acampamento em frente ao quartel-general do Exército, 527 foram presos. Os demais foram soltos. "Por questões humanitárias foram liberados 599 detidos, em geral idosos, pessoas com problemas de saúde, em situação de rua e mães acompanhados de crianças", informou o órgão.
Outro lado
O Brasil de Fato tentou contato com a Edithal Locação de Mão de Obras Eireli nos contatos disponíveis em seu registro, mas ninguém atendeu as chamadas. A defesa de Jamildo Bomfim de Jesus não foi localizada para comentar a reportagem.
Caso aconteça algum retorno, a matéria será atualizada.