Luiz Inácio Lula da Silva (PT) toma posse neste domingo (1º) para seu terceiro mandato na Presidência da República com um esquema inédito de segurança. Diante do clima de tensão que marca a cerimônia, por causa de atos violentos e de vandalismo dos últimos dias em Brasília, o petista recebeu orientação da Polícia Federal de vestir colete à prova de bala e usar carro blindado — no lugar do tradicional Rolls-Royce — no desfile pela Esplanada dos Ministérios.
Até a véspera, porém, o petista resistia a essa ideia. Nos discursos que fará no Congresso e no parlatório do Palácio do Planalto, Lula vai defender a pacificação do país.
O tom do primeiro pronunciamento, no Congresso, será de união e reconstrução, palavras que constam do slogan do novo governo. Lula destacará, ainda, a importância de governar para todos, de pôr fim à disseminação do ódio entre brasileiros e de acabar com a fome, como fez quando foi eleito no segundo turno.
Apesar do clima festivo, há preocupação. Na tarde do sábado (31), por exemplo, o Esquadrão Antibomba da PF fez varredura nas imediações da Catedral. De lá, sairá o cortejo que levará Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin até o Congresso e, depois, ao Planalto.
A mobilização de segurança foi reforçada e poderá envolver até 8 mil agentes. Sem incluir o contingente da Polícia Militar e do Exército, o policiamento na Esplanada e na Praça dos Três Poderes terá 1,5 mil integrantes.
Haverá mil policiais federais, 300 civis e 150 homens e mulheres do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. A operação contará, ainda, com helicópteros da PM. O público estimado para a festa é de 300 mil pessoas.
O Centro Integrado de Operações de Brasília, uma base de alta tecnologia que realiza o monitoramento por câmeras de vídeos e drones, vai vigiar toda a área, em tempo real, para identificar qualquer movimentação suspeita.
A maior concentração é esperada na Esplanada, onde será realizado o Festival do Futuro, com shows que começam às 11 horas e seguem até a madrugada de segunda-feira (2).
Acompanhado da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, Lula apareceu no sábado na sacada do hotel onde está hospedado e acenou para cerca de 200 apoiadores que se concentravam ali, de acordo com estimativas da PM. Eleitores cantavam "Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula" e "Lula, guerreiro do povo brasileiro".
Além disso, repetiam a frase "Bom dia, presidente Lula", dita na vigília montada na frente da PF, em Curitiba, nos 580 dias em que o petista ficou preso, de 2018 a 2019, após condenação na Lava Jato. O processo, posteriormente, foi anulado.
A ideia de Janja é que um grupo de pessoas representando a diversidade do Brasil, ao lado de crianças, passe a faixa para Lula. A cadela Resistência, adotada pela primeira-dama no acampamento da vigília, na capital paranaense, também estará presente.
Para evitar a superlotação na Praça dos Três Poderes, onde fica o parlatório do Planalto, local em que Lula deverá se pronunciar à nação depois de receber a faixa presidencial, foi estabelecido um limite de 40 mil pessoas. Haverá forte esquema de revista.
A estimativa é de que cerca de 800 caravanas de ônibus estejam em Brasília. Estão proibidos o porte e uso de armas brancas, armas de fogo, objetos pontiagudos, garrafas de vidro e latas, hastes de bandeira, apontador a laser, armas de brinquedos, fogos de artifício, substâncias inflamáveis, dispositivos de choques elétricos ou sonoros e álcool líquido.
Na manhã de sábado, dezenas de apoiadores do agora ex-presidente Jair Bolsonaro ainda continuavam na frente do Quartel-General do Exército, em Brasília, com algumas barracas, faixas com mensagens autoritárias e caixa de som. O número de manifestantes caiu nas últimas duas semanas, depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinar a prisão de apoiadores que participaram de atos violentos em Brasília.
A avenida principal de acesso ao Exército havia sido fechada para a entrada de carros. Por volta das 11h, manifestantes cantavam o Hino Nacional e entoavam gritos contra Lula.
Um homem foi ao microfone: "A gente espera uma atitude desse presidente em exercício que está aí." Trata-se de uma referência ao vice-presidente e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que assumiu após Bolsonaro partir para os EUA.