Há a possibilidade de aumento do número de casos de covid-19 no Brasil nas próximas semanas. É o que alerta o médico infectologista e professor universitário Marcos Caseiro em entrevista ao Jornal Brasil Atual. De acordo com o especialista, já é nítido nos hospitais e nos testes de laboratórios um crescimento do número de pessoas com sintomas e quadros respiratórios.
A nova onda começou avançando na Ásia, nos Estados Unidos e na Europa e agora acende um alerta para o Brasil. Em 12 de outubro, líderes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Europa (ECDC) e representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiram uma declaração conjunta alertando para a alta da doença no continente. “Ainda que não estejamos na mesma situação que passamos há um ano, está claro que a pandemia de covid-19 não acabou. Infelizmente, vemos os indicadores subirem de novo na Europa, o que sugere o início de uma nova onda de infecções”.
Apenas no estado de São Paulo, as novas internações em UTI para covid aumentaram 46% entre os dias 17 de outubro até o último dia 31. Os dados foram levantados pelo jornal Folha de S. Paulo e mostram também alta nas internações na região metropolitana do estado. No mesmo período, elas cresceram 73,7%. Até esta sexta (4), 324 pessoas estavam internadas. O que representa cerca de 20% mais do que foi observado na onda de ômicron, em janeiro, e 40% maior do que há duas semanas.
Caseiro avalia que o fim das medidas contra a covid, como o uso de máscaras em ambientes fechados, contribuiu para uma subida de casos. O risco, no entanto, é que, com a maior circulação do vírus, a chance de surgir uma nova variante aumente também. De acordo com o infectologista, nesse momento, a população “não pode baixar a guarda”. O infectologista defende, sobretudo, a continuidade do uso de máscaras em ambientes fechados, assim como a vacinação completa, com todas as doses de reforço das crianças até a população adulta.
Ainda de acordo com Caseiro, as próximas semanas devem ser de observação. Mas, se confirmada a alta nos casos, será preciso repensar aglomerações nas festas de fim de ano.
“É importante as pessoas entenderem que não foi decretado em nenhum momento o fim da pandemia. Nós tivemos uma redução importante, uma diminuição de casos graves e certamente a vacina deve ter um peso avassalador nisso, mas não é momento de baixar a guarda. (…) Então é importante a população ficar atenta, garantir a vacinação dos mais vulneráveis e, se tiver sintomas respiratórios, procure um serviço médico que faça um exame e se isole para evitar transmitir para outras pessoas e expandir a doença”, destaca o médico infectologista.