O governo do Estado deu um verdadeiro cavalo de pau no processo de privatização da Corsan, que foi interrompido em julho a partir de uma decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Se antes da suspensão da venda o Executivo se manteria como acionista de referência, com menos de 50% das ações, pela nova modelagem o governo abre mão de qualquer participação na companhia. A decisão é de se desfazer integralmente do patrimônio até dezembro deste ano.
A mudança de estratégia não é surpresa. Em julho, quando o governo desistiu de recorrer da decisão do TCE, a alegação foi que o julgamento de um recurso demandaria muito mais tempo que a suspensão do processo de venda de ações na B3. “Estão tentando passar a boiada em pleno processo eleitoral”, disse o presidente do Sindiágua, Arílson Wünch.
Com a retomada do processo, o governo criou um data room para centralizar as informações, relatórios e documentos referentes ao desempenho da companhia, que gerou lucro líquido de R$ 480 milhão ao Estado em 2020. Os interessados na Corsan terão que desembolsar R$ 30 mil para acessar o data room. Antes da publicação do edital, deverá ser realizada uma audiência pública sobre o processo de privatização.
O projeto de venda da Corsan foi apresentado à Assembleia em julho de 2021 e aprovado no mês seguinte pelos deputados, num processo recorde de tramitação. O governo alega que a empresa não tem condições de aportar os recursos necessários para atender ao novo marco regulatório do setor, que prevê investimentos de R$ 13 bilhões até 2033.