Você sabe o que é alimentação ecológica? A partir desse conceito, a comida é considerada um elo entre a nossa saúde e a saúde do nosso planeta. Considerar os benefícios e cuidados dessa concepção é essencial para um aproveitamento integral dos alimentos sem abrir mão de respeitar os processos da natureza.
"A alimentação ecológica não é só a nossa escolha pelos alimentos, mas o que a gente faz com esses alimentos. Então, é quando a gente faz o aproveitamento integral desse alimento, quando a gente faz uso não somente do fruto ou do tubérculo, que é convencionalmente utilizado, quando a gente prepara as folhas, as ramas, os talos, e agregamos nutricionalmente. Essas partes também têm um perfil nutricional que pode nos ajudar na nossa alimentação enquanto aproveitamos a energia solar, porque a planta faz uso de toda essa sinergia, tanto do sol, quanto dessa articulação com as plantas, com as águas, com o solo. Pensar a alimentação ecológica é pensar todas essas conexões", conceitua a nutricionista Bruna Crioula.
CAMPO E CIDADE
Para Bruna, não é necessário estar no campo para se alimentar ou pensar de forma ecológica. Mas para promover uma transformação, é preciso participação social e abertura para fugir do convencional na alimentação.
"A urbanização afastou da gente experiências que poderiam nos possibilitar uma alfabetização ecológica, que permita se aproximar de agricultores e agricultoras agroecológicas e conhecer o trabalho delas. Eu acredito que a gente não pode se restringir só a questão do consumo porque a transformação ecológica pressupõe incidência política", ressalta.
MOVIMENTOS
Muitas comunidades no Brasil motivam pessoas a trilharem caminhos ecológicos dentro da alimentação. Um exemplo é o movimento Slow Food, que nasceu como uma contracultura à globalização alimentar e hoje já é realidade em mais de 160 países.
"O Slow Food tenta trazer luz a uma visão mais completa do que é esse alimento, de onde ele vem e traz toda essa contraposição mesmo [à globalização alimentar]. A gente valoriza muito a questão da cultura alimentar e da biodiversidade alimentar, das nossas biodiversidades de uma forma geral", conceitua Glenn Makuta, da articulação Slow Food Brasil, em São Paulo.
RECONEXÃO
A nutricionista Bruna afirma que mais do que se alimentar bem e saber quais produtos consumir, a alimentação ecológica propõe uma desconstrução de como nos enxergamos na sociedade e na natureza.
"Precisamos nos entender mais como bicho e menos como gente. Porque quando a gente se entende como bicho, a gente reconhece que é interdependente dessa teia da vida, e a medida que a gente vai se transformando em gente, gente urbanizada, gente pautada pelos valores capitalistas, isso nos afasta de experiências sensoriais que nos permite ampliar o entendimento do que é alimentação e de como ela é uma estratégia importante para a preservação ambiental e para a promoção da saúde humana", defende Bruna.